Criatividade e influência negra na moda, faz sentido?

11:02




AEEE FINALMENTEEE UM POST!
Oi gentchy!! Andei lendo uns livros e artigos sobre moda, símbolos, significados na moda, e achei em um deles uma menção à elegância negra na moda, ainda em um período onde este sofria com toda sorte de segregação, curioso não?! E eu, como suuuuuper interessada em ambos os temas resolvi procurar um porquinho mais e fazer um post aqui no blog, nada demais.

"Como apontado por vários escritores, hoje o dândi negro veste o que provavelmente aparecerá na Esquire em um ano." (LURIE, 1997)

As roupas sempre possuíram um significado diferenciado para a população negra americana. A autora Daiana Crane em seu livro A Moda e seu papel social, aponta que a apresentação pessoal dos negros nos espaços de sociabilidade era um momento muito importante, estar bem vestido na Igreja aos domingos, por exemplo, era uma tradição e servia para construir uma melhor imagem, buscando acabar com a percepção de que estes eram apenas animais utilizáveis no mundo do trabalho.



"Os negros acima do limite da pobreza gastavam grande parte de seus rendimentos em roupas; segundo um estudo, a média de seus gastos m 1950 era vinte porcento maior que a dos brancos." (LURIE, 1997)


Black Power, Black is Beautiful e a afirmação
Em uma época onde o padrão "liso europeu" era aclamado pela sociedade e mídia, a juventude negra encontrou nos fios a maior forma de protesto (Violências à parte) a favor do padrão negro, era necessário resgatar toda a identidade perdida nos navios negreiros. Para tal também foi adotado o "Black is Beautiful", que com o mesmo objetivo de valorização do negro, elevava os traços negros de estigmas da época, a uma real beleza.



"O cabelo também é visto como marca ou sinal que melhor e mais decididamente que qualquer outro, expressariam - ou negariam - o orgulho negro. (GIACOMINI, 2006) 


O Soul, o Hip Hop e a moda
Juntamente com a ascensão do Soul, vem também estilo negro agora marcado não apenas por um cabelo natural, mas também por uma indumentária, grande, exagerada e colorida.



Espaço para minha opinião: Analisando moda neste período como (sempre) reflexo da identidade de um ser em um determinado contexto, considero a linguagem visual citada acima, como um negro que existe, tanto fisica como culturalmente, e não vive mais sobre o julgo psicológico da escravidão.

Creio que ainda é o que acontece nos dias atuais, só que com elementos diferentes, nossa indumentária grande, colorida exagerada agora são os livros, os diplomas, a vitória contra hipersexualização da mulher negra, contra o padrão de negro bandido, contra a retratação pela mídia de ocupação apenas de posições de baixo prestígio. Posso estar sendo muito otimista, mas ainda que em "baixo número" quando comparado aos 53% da população brasileira que se considera negra, entretanto existem sim jovens por aí que estão se livrando de um julgo de completa desigualdade com estas funcionais indumentárias, e que orgulho!

Hip Hop: Segundo a pesquisadora  Elena Romero a criação de um estilo próprio ligado ao Hip Hop representou a emancipação dos negros em sua maneira de vestir pois, a partir de então, a indústria da moda se viu obrigada a voltar sua atenção para os mesmos, (e resgatar referências para esse público emergencial a partir da observação desde mesmo, colocando-o agora ainda mais em evidência). À medida que os artistas do gênero foram entrando em ascensão a moda de oriunda das periferias negras também crescia, e era cada vez mais desejada pelos jovens do período.



A presença de artistas da vertente prova que a criatividade negra encontrada no hip hop influenciou também outras esferas da estilo contemporâneo, como o caso de Kayne West por exemplo, que em 2009 assinou uma linha de tênis para a marca Louis Vuitton, marca de estima estre os admiradores da alta moda. O que acontece também atualmente com a cantora Rihanna, por exemplo, que é diretora criativa da marca esportiva Puma, Will.i.am diretor criativo da marca Intel, e Alicia Keys que até 2014, foi também diretora criativa da marca BlackBerry.




"Sugeriu-se que essa tendência, e o consequente padrão de gasto, estavam relacionados aos problemas que os negros enfrentavam para conseguir outros tipos de símbolos de status, tais como admirados em country clubs e casas da classe média dos subúrbios. Se é assim, à medida que a igualdade de oportunidade aumentar, a relativa elegância negra também decline." (LURIE, 1991)

O Negro, teve então desde a abolição da escravatura, foquemos aqui a Americana que trouxe consequências bem mais violentas à população negra norte-americana, a necessidade de atenuar essa discrepância. Vale ressaltar que o livro em questão fora escrito em 1991 como demonstra a referência, e hoje cerca de 25 anos depois a "igualdade de oportunidade" que a autora cita existe, porém de forma totalmente simbólica, e "para inglês ver", levando ainda os negros à gritarem sua cultura, identidade e a existência da elegância mesmo em padrões nada ingleses. Existe moda, criatividade e elegância além do eurocentrismo, e se lhe conforta saber existia mesmo muito antes.

Chega de textão galera!

Leituras adicionais.
45 Blogueiras negras de moda que você precisa conhecer
7 Mulheres Negras que fazem moda na primeira pessoa,
Zelda Wynn Valdes, a primeira designer de moda negra





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